sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
ESCAPADINHA A BOLONHA
Após ter ficado preso em Florença devido a um atraso (Mais um) de 6 (!!!) dias no depósito do meu salário, este finalmente chegou numa manhã de quinta feira.
Imediatamente me cruzou o espírito a frase "Viaggiare, partire!" e assim, me dirigi a Santa Maria Novella, a estação central de Florença sem destino definido. Não é que estivesse farto de Florença. Unicamente me sentia aprisionado e devido ao tal atraso não só a ida a Nápoles ficou no tinteiro, como a ida a Roma estava periclitante, ao que o facto de não ter lá encontrado quem me hospedasse também não ajudou.
Ao chegar à estação, fervilhante de azáfama a um nível que nunca vi aqui em Portugal, constatei que daí a 5 minutos saía um Intercity para Bolonha. "É isto mesmo" pensei eu. Sem hesitar, porque o tempo também não me permitia, dirigi-me a uma das máquinas automáticas para comprar o bilhete. Conselho de amigo; Sempre que possível, em Itália comprem os bilhetes nas máquinas e evitem ficar 20 minutos (Com sorte) na fila das bilheteiras tradicionais.
Onze (!!!) euros depois (NDR: Viagem só de ida, em segunda classe, para fazer cerca de
E eis-me então chegado a Bolonha. Berço de um controverso processo que pôs os "estudantes" portugueses
Cidade onde se deixou que a tolerância se tornasse
Chuva nesse dia, nem vê-la. Um fantástico dia de sol puxava bem pelos tons laranja-pastel comuns a todos os edifícios do centro histórico da cidade, o que valeu a Bolonha o epíteto de "La Rossa", a vermelha. Esta cidade conserva bastante dos seus traços medievais que se notam na Piazza Maggiore (Foto 3) com o Palácio do Rei Enzo a ilustrar essa tendência. Ali perto fica a basílica de São Petrónio que era suposto ser maior que a de S. Pedro no Vaticano. Por essa ousadia, o Papa Pio IV ordenou que fossem truncados os braços do edifício, ficando a basílica, atípicamente desprovida de um transepto.
Perdendo-nos um pouco no emaranhado de ruas estreitas, chegamos perto da Piazza della Mercanzzia e por um momento somos levados a pensar que estamos na pele de um hobbit do Senhor dos Anéis, acabado de chegar a Isengaard. Em frente erguem-se duas torres, escuras e de aspecto curiáceo (Foto4).
Tratam-se de Asinelli e Garisenda, duas das 180 (!!!) torres que entre os séculos XI e XII chegaram a ferir os céus de Bolonha. Ambas estão inclinadas, mas Garisenda a mais pequena que no seu apogeu atingiu os 60 metros de altura, apresenta um ângulo bastante mais agudo de inclinação, devido aos alicerces não terem suportado o seu peso. Por causa disso mesmo, e para que não tombasse de vez, foi preciso reduzir-lhe a altura para os actuais 48 metros.
Já a sua congénere, Asinelli, que foi usada como observatório, depósito de armamento, fortim e torre de vigilância, paira desde o ano de 1109 a 90 metros (!!!) do chão.
Ignoro se foi daqui que Peter Jackson tirou a inspiração para a torre habitada por Sauron, mas a semelhança é notável. Caso para dizer: Bolonha... My ... Preciouuuussssssssssssssss...
quinta-feira, 17 de janeiro de 2008
O OUTRO LADO
Como na maior parte do Mundo, também Itália tem problemas sociais quanto baste. Os salários mínimos a rondar os mil euros tornam-se quase irrisórios quando enfrentam o astronómico custo de vida que se verifica por ali.
A foto retrata um senhor, intemporal, que necessita um bypass no seu sistema cardiovascular. A operação custa uns "meros" 26 mil Euros, pois o estado não comparticipa e a sua reforma também não é essas coisas todas . Assim sendo, este senhor cujo nome não sei, mas também não importa, posta-se todos os dias na Via dei Calzaiuoli com o cartaz explicando a sua situação.
A imagem fala bem por si.