sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
TRAINSPOTTING
No regresso de Bolonha para Florença, para evitar uma espera de algumas horas devido aos comboios estarem lotados, fui forçado a abrir mão de 21(!!!) Euros e embarcar no Eurostar que fazia a ligação de Milão a Nápoles. Este comboio mais não é que uma versão um pouco mais moderna do nosso Pendular mas que em Itália chegam a ter 15 carruagens!!!
Enquanto fazia o caminho inverso daquele que havia trilhado algumas horas antes, tentava decidir onde iria no dia seguinte. Ainda em Bolonha informei-me acerca da possibilidade de visitar Maranello, quartel-general da italianíssima Ferrari. Isso implicaria gastar mais cerca de 20 Euros em comboio até Modena, outros 10 para o autocarro até Maranello e finalmente 16 pelo ingresso na Galleria Ferrari.
Pensei então em Roma... Afinal já estava a planear lá ir desde que tive de mudar o destino da viagem de Zagreb para Itália, mas o facto de não ter arranjado nenhum Couch Surfer que me hospedasse fizeram passar a ideia para segundo plano.
Para tomar uma decisão sujeitei-me a 30 minutos de espera na fia das bilheteiras de Santa Maria Novella em Florença para indagar acerca de horários e preços. Por 40 Euros fazia-se a brincadeira com um Intercity que me levaria à cidade eterna em 2 horas de viagem. A alternativa era o Eurostar que só ganhava meia-hora em relação ao anterior mas custava 20 Euros mais.
Estava decidido! No dia seguinte chegaria a Roma por volta das 11 da manhã e regressaria a Florença pelas 7 da tarde.
Tudo muito bem... até que após ter jantado nessa noite com os pais do Paolo estava a preparar as coisas para sair bem cedo para a estação na manhã seguinte e ... horror dos horrores: Tinha perdido os bilhetes!!!!
Da compra, só restava mesmo o recibo do Multibanco que apesar de ter já o pressentimento de que me ia ser absolutamente inútil, decidi que seria a base da minha argumentação na manhã seguinte para que me re-imprimissem os bilhetes.
Ainda nem tinha começado, e a visita a Roma já estava a tornar-se num Circo... Máximo, claro está!!!
sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
ESCAPADINHA A BOLONHA
Após ter ficado preso em Florença devido a um atraso (Mais um) de 6 (!!!) dias no depósito do meu salário, este finalmente chegou numa manhã de quinta feira.
Imediatamente me cruzou o espírito a frase "Viaggiare, partire!" e assim, me dirigi a Santa Maria Novella, a estação central de Florença sem destino definido. Não é que estivesse farto de Florença. Unicamente me sentia aprisionado e devido ao tal atraso não só a ida a Nápoles ficou no tinteiro, como a ida a Roma estava periclitante, ao que o facto de não ter lá encontrado quem me hospedasse também não ajudou.
Ao chegar à estação, fervilhante de azáfama a um nível que nunca vi aqui em Portugal, constatei que daí a 5 minutos saía um Intercity para Bolonha. "É isto mesmo" pensei eu. Sem hesitar, porque o tempo também não me permitia, dirigi-me a uma das máquinas automáticas para comprar o bilhete. Conselho de amigo; Sempre que possível, em Itália comprem os bilhetes nas máquinas e evitem ficar 20 minutos (Com sorte) na fila das bilheteiras tradicionais.
Onze (!!!) euros depois (NDR: Viagem só de ida, em segunda classe, para fazer cerca de
E eis-me então chegado a Bolonha. Berço de um controverso processo que pôs os "estudantes" portugueses
Cidade onde se deixou que a tolerância se tornasse
Chuva nesse dia, nem vê-la. Um fantástico dia de sol puxava bem pelos tons laranja-pastel comuns a todos os edifícios do centro histórico da cidade, o que valeu a Bolonha o epíteto de "La Rossa", a vermelha. Esta cidade conserva bastante dos seus traços medievais que se notam na Piazza Maggiore (Foto 3) com o Palácio do Rei Enzo a ilustrar essa tendência. Ali perto fica a basílica de São Petrónio que era suposto ser maior que a de S. Pedro no Vaticano. Por essa ousadia, o Papa Pio IV ordenou que fossem truncados os braços do edifício, ficando a basílica, atípicamente desprovida de um transepto.
Perdendo-nos um pouco no emaranhado de ruas estreitas, chegamos perto da Piazza della Mercanzzia e por um momento somos levados a pensar que estamos na pele de um hobbit do Senhor dos Anéis, acabado de chegar a Isengaard. Em frente erguem-se duas torres, escuras e de aspecto curiáceo (Foto4).
Tratam-se de Asinelli e Garisenda, duas das 180 (!!!) torres que entre os séculos XI e XII chegaram a ferir os céus de Bolonha. Ambas estão inclinadas, mas Garisenda a mais pequena que no seu apogeu atingiu os 60 metros de altura, apresenta um ângulo bastante mais agudo de inclinação, devido aos alicerces não terem suportado o seu peso. Por causa disso mesmo, e para que não tombasse de vez, foi preciso reduzir-lhe a altura para os actuais 48 metros.
Já a sua congénere, Asinelli, que foi usada como observatório, depósito de armamento, fortim e torre de vigilância, paira desde o ano de 1109 a 90 metros (!!!) do chão.
Ignoro se foi daqui que Peter Jackson tirou a inspiração para a torre habitada por Sauron, mas a semelhança é notável. Caso para dizer: Bolonha... My ... Preciouuuussssssssssssssss...
quinta-feira, 17 de janeiro de 2008
O OUTRO LADO
Como na maior parte do Mundo, também Itália tem problemas sociais quanto baste. Os salários mínimos a rondar os mil euros tornam-se quase irrisórios quando enfrentam o astronómico custo de vida que se verifica por ali.
A foto retrata um senhor, intemporal, que necessita um bypass no seu sistema cardiovascular. A operação custa uns "meros" 26 mil Euros, pois o estado não comparticipa e a sua reforma também não é essas coisas todas . Assim sendo, este senhor cujo nome não sei, mas também não importa, posta-se todos os dias na Via dei Calzaiuoli com o cartaz explicando a sua situação.
A imagem fala bem por si.