quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

O MUSEU AO AR LIVRE (Parte I)








Foi sempre nestas palavras que desde criança ouvi quem lá tinha estado a referir-se a ela. Ela é Florença, a cidade que me acolhia desde a noite anterior e que naquele início de tarde xôxo, com o céu a ameaçar réplicas dos aguaceiros que já tinha sentido no telhado durante a madrugada e manhã, eu me preparava para conhecer... a pé, claro está porque só assim é que as cidades se deixam descobrir realmente.


E lá me fiz ao caminho, em Altrarno a margem do rio Arno que fica defronte do centro nevrálgico da cidade. Ao longo do passeio, pela ciclovia que acompanha a longa avenida (Lungarno) que acompanha o curso do rio lá fui vendo desfilarem do outro lado do rio (Foto 1) alguns dos edifícios históricos como a Biblioteca Nazionale , a arcada dos Ufizzi (Onde está o original do David de Michelangelo) e com a torre do Palazzo Vecchio sempre de sentinela, pairando o seu topo acima de todos o outros edifícios da cidade... Mas já lá iremos...


Após passar a Ponte alle Grazie já se vislumbra a Ponte Vecchio (Foto 2 ), objectivo desta primeira fase do passeio. Esta ponte era inicialmente feita em madeira, mas não é a idade ou o material original que a tornam única. Em vez de passeios nas bordas da via prinicpal da ponte, existem edifícios que actualmente são na verdade lojas, na sua maior parte ourivesarias (Foto 3).


Sempre houve vendedores na Ponte Vecchio, devido a uma isenção dos impostos que vigoravam na capital medieval da república Fiorentina. Afinal, tecnicamente os vendedores não estavam de facto na cidade mas sobre o Arno! Diz a lenda que foi também aqui que nasceu a palavra que ainda hoje é sinónimo em todas as línguas latinas de falência. Sempre que um vendedor não conseguía pagar as suas devidas, a sua mesa (Banca) onde expunha os seus produtos era imediatamente partida (Rotta). Juntem as duas palavras em itálico e obtem-se...isso mesmo!


Também curiosa é a razão pela qual os ourives tomaram conta dos estabelecimentos da Ponte Vecchio. Cosimo I de Médici no final do século 16 ficou tão incomodado pelo cheiro que emanava das bancas, na sua maior parte pertencentes a açougueiros, que os baniu daquele espaço e ordenou que este fosse ocupado por ourives. Além disso, ordenou que por cima da ponte fosse cosntruído um corredor (Corredor Vassari, nome do arquitecto encarregue do projecto) ligando o Palazzo Vecchio, que servia como câmara municipal, com o Palazzo Pitti sua residência no lado sul do Arno, através dos Uffizzi (Foto 4).


Para finalizar este post sobre a fantástica Ponte Vecchio, note-se que esta foi a única das pelo menos 10 pontes de Florença que sobreviveram à retirada forçada das tropas alemãs em 4 de Agosto de 1944... segundo dizem alguns, por expressa ordem de um certo senhor com pouco mais de metro e meio e de bigodinho à Charlot!!!

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